Por Galileu
Já é sabido que, infelizmente, existe uma grande massa de microplásticos “invisíveis” no Oceano Atlântico. O que não se imaginava que é que esses poluentes estão, no mínimo, 10 vezes mais presentes nessas águas do que o esperado.
É o que aponta uma pesquisa do Centro Nacional de Oceanografia (NOC) do Reino Unido. Segundo o estudo publicado em agosto na revista Nature Communications, microplásticos somam entre 12 e 21 milhões de toneladas de lixo a uma profundidade de 200 metros.
“Se assumirmos que a concentração de microplásticos que medimos a cerca de 200 metros de profundidade é representativa daquela na massa de água até ao fundo do mar, com uma profundidade média de cerca de 3 mil metros, então, o Oceano Atlântico pode conter cerca de 200 milhões de toneladas de lixo plástico”, afirma Richard Lampitt, coautor da pesquisa, em nota.
“Isso é muito mais do que imaginávamos ter jogado no mar”, diz o pesquisador do NOC. A estimativa inicial era de que o Oceano Atlântico havia recebido apenas cerca de 17 milhões de toneladas de microplásticos nos últimos 65 anos.
A análise foi realizada por Lampitt e pela pesquisadora Katsiaryna Pabortsava, também membro do NOC, com base em amostras de água do mar coletadas em 2016, em três profundidades diferentes de até 200 metros. O estudo focou nos três poluentes mais presentes nas amostras: o polietileno, polipropileno e poliestireno, que também são os tipos de plástico mais comercializados e descartados no mundo.
“Anteriormente, não podíamos equilibrar a massa de plástico flutuante que observamos com a massa que pensávamos ter entrado no oceano desde 1950 porque estudos anteriores não tinham medido as concentrações de partículas microplásticas ‘invisíveis’ abaixo da superfície do oceano”, disse Pabortsava, principal autora do estudo, em nota.
Segundo os pesquisadores, para entendermos o real risco que a humanidade sofre com essa poluição é preciso descobrir as quantidades e características do microplástico, como ele chega aos oceanos, qual é a sua toxicidade e como ele é degradado. O estudo mostra que os cientistas, até então, tiveram uma compreensão equivocada desses fatores, prejudicando o entendimento do problema.