Por MarSemFim
A chegada do inverno coincide com o início da migração anual das baleias. Elas saem da Antártica neste período do ano e sobem a costa brasileira à procura de águas mais quentes para acasalar e ter seus filhotes. No caso do Brasil são duas espécies: as jubartes e as baleias francas. As primeiras sobem até o sul da Bahia, as segundas normalmente até o litoral de Santa Catarina, nestes dois pontos do litoral brasileiro elas costumam passar o inverno. Baleias estão chegando e algumas morrendo.
Baleias estão chegando, e algumas morrendo
Desde o início do ano, nove baleias foram registradas presas em redes de pesca. Infelizmente, tanto a pesca industrial como a artesanal usam e abusam de redes, o artefato mais danoso entre todos os usados na pesca.
As redes não são seletivas, pescam, ou prendem em suas garras, qualquer animal marinho que ouse passar por seu caminho.
No Brasil dois tipos são os mais usados, as redes de arrasto e as redes de emalhe. Ambas são mortíferas provocando o que se convencionou chamar de pesca incidental.
E muitas delas são perdidas diariamente por pescadores. Além de poluírem os oceanos com mais plástico – estima-se que no mínimo 10% do plástico dos oceanos seja oriundo de apetrechos de pesca – continuam matando por anos a fio.
Baleias na costa brasileira
Desde que a caça da baleia foi proibida nos anos 80 pela maioria dos países, e no Brasil pelo ex-presidente José Sarney em 1986, o número de jubartes e das francas cresceu muito.
Imagem: Unsplash
Para se ter uma ideia, o censo do Projeto Baleia Jubarte, que sobrevoa o Atlântico para fazer a contagem, diz que elas saltaram de 400 para 17 mil em 60 anos. O número de francas também aumentou.
Locais onde quase não havia avistagem dos cetáceos entraram para o rol dos mais procurados por turistas para vê-las. Ilhabela, no litoral de São Paulo, é um deles.
Só que no caminho dos cetáceos há pelo menos dois problemas mortais: a poluição por plástico, e as redes usadas na pesca.
Redes de pesca e a morte de baleias
Em 15 de junho o site waves.com.br informava que ‘três baleias-jubartes ficaram presas em redes de pesca de tainha de um empresário local (ao largo de Santa Catarina)’.
Segundo o site, ‘moradores foram ao local e verificaram que as redes pertencem ao proprietário de um restaurante da região. São oito redes, de 200 metros cada, cobrindo todo o trajeto destes mamíferos num total de quatro quilômetros’.
Já o site conexão planeta, em matéria de Suzana Camargo de 16 de junho, informou que ‘em poucos dias quatro baleias-jubartes apareceram presas em redes de pesca em Santa Catarina’.
Das quatro, informa Suzana, duas morreram, outras duas tiveram mais sorte e foram salvas. Mas não são apenas as baleias os cetáceos mortos por redes.
Um dos mais ameaçados tipos de golfinho no Brasil, as toninhas, estão ameaçados por serem um grupo reduzido e especialmente vulneráveis às redes de emalhe.
Se a pesca não fosse a total esculhambação que é no Brasil, ao menos neste período os pescadores deveriam ser avisados, e fiscalizados, para maneirar com as redes. Também os botos de laguna, famosos por interagirem com pescadores locais, estão desaparecendo por falta de cuidado destes mesmos pescadores.
Como somos um país pária em questões ambientais, passa ano, volta ano, e mais baleias são mortas estupidamente por artefatos de pesca jogados onde quer que seja, e sem a mínima fiscalização. E isso para não falar naquelas que morrem de inanição com seus estômagos cheios de plástico.
A ver quantas serão este ano.