POR NAÇÕES UNIDAS
Entidades das Nações Unidas atuam em conjunto para mitigar o efeito de ondas de calor na sequência de recentes episódios extremos em áreas do Hemisfério Norte, especialmente América do Norte, Europa e Ásia.
Em entrevista durante o período, o climatologista Álvaro Silva falou à ONU News. Ele salientou que é preciso apoiar as autoridades nacionais num momento em que há maior frequência dos eventos.
Aquecimento global
O especialista mencionou que o estudo das agências da ONU poderá impulsionar ações em países quando se vivem os efeitos do aquecimento global.
“A Organização Meteorológica Mundial, OMM, está a trabalhar conjuntamente com a Organização Mundial de Saúde, OMS, para limitar os efeitos adversos das ondas de calor, melhorando o conhecimento e as formas de adaptação às ondas de calor. Portanto, esta colaboração é algo que que é importante, ao nível dos serviços meteorológicos mundiais nacionais, que também são importantes no suporte à Organização Mundial de Meteorologia, saber que eles são as instituições de confiança que melhor informarão às pessoas sobre o que se espera, do ponto de vista de temperatura e de outros parâmetros climáticos, mas neste caso das temperaturas elevadas, e estar atentos aos avisos.”
Segundo a OMM, julho de 2023 é oficialmente o mês mais quente já registrado, com temperaturas recordes registradas tanto na terra quanto no mar.
Para o especialista, esta sequência de acontecimentos marca o desenrolar das previsões. As ondas de calor e os incêndios em todo o mundo fizeram a temperatura aumentar 0,33°C em relação ao recorde estabelecido há quatro anos.
Limitar os efeitos das alterações climáticas
“Estamos cada vez mais a experienciar aquilo que foi antecipado há muitos anos do ponto de vista de mudança climática. É importante não esquecer que temos de acelerar a adaptação. A adaptação pode não ser suficiente, no ponto de vista das medidas que estão atualmente em vigor, e dos planos de ação. Temos de assegurar a adaptação, mas temos também sobretudo continuar a apostar e, nunca dizer isto porque ainda é possível trabalhar nesse sentido continuar a passar esta mensagem de que sem mitigação não será possível limitar os efeitos das alterações climáticas. A mitigação está muito relacionada, ou é sobretudo relacionada, com os gases de efeito estufa.”
Uma das referências é que os países atuem de forma urgente para a redução dos gases de efeito estufa na atmosfera. No momento do anúncio do novo recorde, a OMM destacou que essas ações “devem ser as mais intensas possíveis.”
Para o especialista português, os maiores esforços para lidar com o problema deve ser impulsionar a adaptação e mitigação.
Grande impacto na saúde humana
“Salientar que há limites para a adaptação. É uma mensagem que também tem sido passada pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas: que a adaptação é possível até determinados limites. Depois disso já é muito complicada. Daí que a mitigação seja, de facto, uma peça-chave neste jogo em que, para já, ainda não estamos a ganhar. Estou certo de que se houver um profundo interesse dos governos, de diferentes países e de toda a sociedade é possível inverter, ou pelo menos atenuar, o crescimento dos impactos das alterações climáticas.”
Para a OMM, a ocorrência cada vez mais ondas de calor terá grande impacto na saúde humana.
O secretário-geral da agência, Petteri Taalas, destacou potenciais efeitos em ecossistemas, economias, agricultura, energia e abastecimento de água.